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quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Voltando das cinzas



Essas crises imaturas

Não sei e nem imagino qual é a maneira mais correta de demonstrar aquilo que estou sentindo, e sinceramente? Nem mesmo eu sei o que estou sentindo. Está tudo um tanto que confuso.
Soa repetitivo e até mesmo clichê eu dizer que estou em “crise emocional” (até porque todo adolescente com sérios distúrbios – todos – de maturidade está). Mas... Aqui vou eu: conhece aquela velha e boa história do “amor não correspondido?” ou então “a história da garota que se apaixonou perdidamente por seu amigo?” Pois essa não sou eu, ou melhor, eu ACHO que não sou eu e é exatamente isso que está me deixando maluca.
Bom, se você leu este desabafo desde o início deve estar um tanto quanto confuso, mas não se preocupe, pois eu também estou!
Corro atrás, dou o melhor de mim e o que eu recebo em troca? Sou ignorada. Não que isso me atinja ou algo do tipo, entretanto, me machuca. Mesmo que eu não queira assumir, mesmo que seja muito difícil de assumir, machuca.
Sabe qual é o problema da maioria das garotas de hoje em dia? É que elas sonham demais com os carinhas dos filmes e séries e, no meu caso, com os carinhas dos livros e seus respectivos romances. Infelizmente as coisas não são tão simples assim, aliás, as pessoas não são tão simples assim.
Eu poderia escrever infinitos parágrafos sobre a confusão sentimental que estou passando, porém acho desnecessário. Como eu sempre digo: minha missão é outra! E com certeza, principalmente esse ano, ter um relacionamento não está dentro dela. E é com essa informação que eu me iludo diariamente.

PS.: Tirem suas próprias conclusões.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Aquele abraço




Lá estava eu, era outono, não lembro ao certo o dia e muito menos o ano, mas tenho absoluta certeza de que era outono... Lembro daquela velha praça, com tantas árvores que perdia até as contas, com pássaros cantantes e borboletas de diversas cores e espécies... Ah... E as folhas... Com certeza nunca me esquecerei das folhas caídas no chão. Era outono.

Sempre que ia a tal praça nunca havia notado o jeito tão singular que ela possuía. Em seu aspecto pitoresco produzia o sentimento de cada pessoa que lá estava, pois se havia alguém triste era notório o ar “sentimental” que a praça produzia.

E foi dentro de tais observações, que numa tarde nublada de outono eu vi que existia um semblante triste na “minha” praça, mas poucos poderiam perceber... Procurei incessantemente o motivo pelo qual ela estava assim; vi, portanto, uma criança. Era um pequenino projeto de gente, mas que sem dúvidas trazia dentro de si uma dor de um adulto. Parecia-me que tinha, mais ou menos, 6 ou 7 anos, mas não mais que isso. Cabelos negros como a noite, pele branca como luar... Ah... E seus olhos... Nunca esquecerei o olhar doce e meigo desta criança... Expressava tudo que seu coração sentia, sem tirar nem pôr.

Resolvi me aproximar, tentar chegar perto dela da maneira mais sutil possível, para que ela pudesse sentir confiança na minha presença e não medo, como era o óbvio. Para a minha surpresa ao passo que me aproximei, a menina, sem dizer nenhuma palavra sem sequer me cumprimentar, veio ao meu encontro e meu um abraço. Aquele abraço... Tão forte e tão intenso... Acho que nunca ninguém me abraçou de tal maneira... Senti um conforto e ao mesmo tempo pude perceber a dor que aquela doce criança possuía. É difícil explicar em palavras, é difícil transferir e demonstrar tudo aquilo que aquele simples abraço me trouxe, mas posso dizer que ficamos mais de 5 minutos abraçadas.

Após distanciarmos nossos corpos encorajei-me e decidi conversar com ela:

- Olá pequena, qual seu nome?

- Beatriz.

- Que lindo nome! O que você faz aqui sozinha? Cadê seus pais?

Que infeliz pergunta a minha... Tentei ao máximo não ser inconveniente, mas não percebi que talvez certas perguntas podem machucar muito mais que qualquer agressão física. Mas a menina, tão inocente, tão pequenina, me respondeu:

- FOI AQUI! FOI AQUI!

Fiquei um tanto que surpresa... Não compreendia o porquê dela falar daquela maneira e repetir a frase “foi aqui”... Logo pensei: “É melhor eu deixar essa história quieta e dar adeus a essa pequena”. Mas a força daquele abraço fez como que eu permanecesse ao seu lado, como se a cena do abraço repetisse incessantemente em minha cabeça.

- O que aconteceu aqui? Por que toda essa angústia?

E ainda assim ela repetia:

- FOI AQUI! FOI AQUI!

Tomei-la em meus braços e decidi levá-la para comer um sorvete. Afinal, sempre soube que as crianças adoram sorvetes, entretanto, para minha surpresa ela não aceitou e com uma voz tremula, quase fechando os olhos, repetiu:

- Foi aqui.

Nunca havia notado o quão complexo é lidar com uma criança... Como eu poderia descobrir o que levava aquela doce criança a repetir tanto tal frase? O que se passava em sua vida que lhe fazia sofrer tanto? Não sei. Mas havia uma necessidade enorme de descobrir.

Esperei um tempo, deixei ela se acalmar... No entanto, sem eu perguntar nada, num gesto inesperado, ela começou a falar:

- Eu sei que foi aqui... Eu lembro da minha mãe... Foi aqui... Eu era bem pequena, eu sentia fome... Foi aqui... A mamãe disse que viria me buscar... Eu fiquei brincando com as borboletas... Foi aqui. Minha mãe demorou muito para voltar... Até que eu fui correndo atrás dela, eu gritei o nome da mamãe... Mas eu acho que ela não me ouviu né tia? Aí um vovó que dormia na rua junto com um cachorrinho deixou eu dormir e comer com eles, só que um dia, o vovó dormiu e não quis mais acordar e o cachorro chorava muito do lado dele e mesmo assim, meu vovó não acordava.

Ouvindo aquelas palavras saídas de uma boca tão pequena e com um tom de voz de uma suavidade fecunda, enchi meus olhos de lágrimas e logo percebi o fim daquela história, eu sabia que ela havia sido abandonada, eu sabia que o morador de rua que a acolhia havia morrido, mas, como eu iria contar aquilo pra ela? Como passar tantas informações negativas para uma pequena criança? Não sei.

Perguntei como havia encontrado a praça novamente e sem pestanejar ela logo me respondeu:

- A borboleta tia...

Após essa resposta eu não pude me conter e chorei... Chorei como uma criança... Com soluços atrás de soluços... Lembrei que o mesmo havia acontecido comigo há exatamente 26 anos atrás. Um filme passou em minha cabeça... Cada passo sofrido e dolorido de minha vida... Ninguém havia me ajudado, ninguém estava ali para me estender a mão.

Abracei a pequenina Beatriz novamente e perguntei se ela queria ir ver as bonecas que eu tinha na minha casa e ela, com um brilho radiante nos olhos, disse que sim.

Passaram-se alguns dias, Bea estava dormindo na minha casa... Eu havia comprado roupas, brinquedos e até mesmo montado um quarto. Mas eu sabia que isso não era o correto, resolvi então, procurar a justiça, fiz tudo o que era necessário.

Sabem o que aconteceu? Beatriz é minha filha. E vocês sabem por quê? Por causa daquele abraço.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Aquela velha nostalgia



E de repente, me deparei sozinha, pensativa... Todas aquelas lembranças retornavam como o vento forte que batia em meus cabelos... Como se a cada instante eu mergulhasse em um mar de nostalgia.
Então novamente, eu era criança. Frágil, sonhadora. Talvez naquela época eu nem imaginasse o rumo que as coisas tomariam, mas eu era forte, se preciso, eu aconselhava e carregava quem quer que fosse dando amparo e proteção. Sim, eu era criança, mas tinha uma capacidade imaginável. Mudei, cresci, envelheci, regredi.
De uma maneira tão absurda, o passar dos anos roubou de mim tudo o que de melhor eu possuía, os sonhos, os desejos de modificar o que precisava ser modificado, e principalmente, a força, a força de enfrentar tudo de cabeça erguida sabendo que se eu caísse, levantar seria o mais simples.
E assim, os anos foram passando, e eu estava entrando na adolescência... O mundo desabou. O que quando criança era muito simples, começou a ficar complicado, a preguiça e o desânimo tomaram conta de uma forma terrível, e a vida? Foi tornando-se mais complexa a cada dia que passava. E os sonhos? Ficaram tão distantes e inalcançáveis.
E se de fato eu parar para refletir, é ridículo tudo que escrevi; pois o correto seria que ao passar dos anos eu me tornasse mais forte e meus objetivos e sonhos mais claros possíveis. Porém, não é bem assim que a vida flui. Ao decorrer dos dias, para a população de um modo geral, os obstáculos tornam-se mais difíceis, o que antes, quando criança era tão simples, agora é impossível. Isso é lamentável, tendo em vista que esse “regresso” só prejudica a nós mesmos.
E que possamos então voltar a ser criança, sem medo de tentar, de correr atrás dos sonhos, de sonhar e sem nenhum medo de ser feliz.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

O velho banco da praça


Lá estava eu andando... Andando simplesmente por andar... E o vento soprava suavemente... Sua brisa leviana tocava o meu rosto pouco a pouco, refrescando o meu ser. Resolvi sentar em um banco, ali na praça mesmo, e no exato momento em que sentei parei para refletir: O que eu estava fazendo ali? Por que estava? Ainda não sei... Apenas estava ali, naquele momento.  No entanto, não houve nada mais oportuno. Enquanto percebia o quanto a natureza é perfeita, em cada detalhe, na sincronia das coisas, na vivacidade e na simplicidade que se expressam em formas e cores, analisei também, que cada um que passava por mim, cada pessoa, estava em transe com suas preocupações, como se não analisassem o mundo que os cercavam, como se a vida fosse simplesmente aquilo que vivenciavam, como se não existisse nada, além disso, e ninguém que não fossem eles próprios. E tantos questionamentos, tantas indagações, análises e observações me levaram a uma única pergunta: Por que tanta pressa?
Existe pressa em solucionar problemas, em ir de um local para outro, pressa de pensar, de caminhar, correr, se movimentar, e o pior de tudo: pressa de viver! Dentre tais questionamentos, lembrei da minha mãe... Pode até parecer estranho, mas lembrei dela... Pois me recordo perfeitamente dela me dizendo: “Filha, a pressa é a inimiga da perfeição”. Ao associar esse pequeno ditado com o momento em que eu me encontrava analisando as pessoas, percebi que, aí está o verdadeiro motivo de sermos tão imperfeitos: a pressa. Se tivéssemos paciência para esperar, para lutar contra vícios e defeitos, tolerância para aguardar o resultado, calma para fazer cuidadosamente cada tarefa do dia e alegria em cumprir tudo o que nos foi proposto, e se não vivêssemos em função dessa tal “pressa”, tudo seria diferente, tudo seria melhor.
Não pense você, que eu sou calma, que não vivo contando os segundos para que dê tempo de fazer tudo, não... Mas parar para analisar foi o melhor exercício feito por mim até hoje, com certeza.
Depois desse momento de profundas interpretações, rapidamente, tomei consciência de tudo que eu havia refletido e simplesmente voltei, voltei para a realidade que me rodeava, concluindo que: o dia em que cada pessoa refletir no banco da praça, será o dia mais calmo do planeta.